quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Balanço Brasil 2009






BALANÇO BRASIL 2009

O ex-presidente FHC mandou um recado esta semana pela televisão ao Senhor
Lula da Silva para que trabalhasse mais, mentisse menos e não pensasse em
terceiro mandato. Com base em dados publicados pela imprensa, tomo a
liberdade de fazer um pequeno balanço comparativo dos oito anos do governo
FHC com os sete anos do governo LULA. Balanços comparativos são previstos na
Lei das Sociedades Anônimas (art. 176):

DADOS DO GOVERNO FHC X DADOS DO GOVERNO LULA

RISCO BRASIL
FHC - 2.700 PONTOS
LULA - 200 PONTOS

SALÁRIO MÍNIMO
FHC - 78 DÓLARES
LULA - 280 DÓLARES (janeiro 2010)

DÓLAR
FHC - R$ 3,00
LULA - R$ 1,78 (dezembro 2009)

DIVIDA FMI
FHC - Triplicou
LULA - PAGOU

INDUSTRIA NAVAL
FHC - NÃO MEXEU
LULA - RECONSTRUIU

UNIVERSIDADES NOVAS
FHC - NENHUMA
LULA - 10

EXTENSÕES UNIVERSITÁRIAS
FHC - NENHUMA
LULA - 45

ESCOLAS TÉCNICAS
FHC - NENHUMA
LULA - 214

VALORES E RESERVAS DO TESOURO NACIONAL
FHC - 185 BILHÕES DE DÓLARES NEGATIVOS
LULA - 230 bilhões de dólares

CRÉDITOS PARA O POVO - PIB
FHC - 14%
LULA - 34%

ESTRADAS DE FERRO
FHC - NENHUMA
LULA - 03 (EM ANDAMENTO)

ESTRADAS RODOVIÁRIAS
FHC - 90% DANIFICADAS
LULA - 30% RECUPERADAS

INDUSTRIA AUTOMOBILIÍSTICA
FHC - EM BAIXA 20%
LULA - EM ALTA 30%

CRISES INTERNACIONAIS
FHC - 04 ARRASANDO O PAÍS
LULA - NENHUMA PELAS RESERVAS ACUMULADAS

CÂMBIO FIXO:
FHC - ESTOURANDO O TESOURO NACIONAL
LULA - FLUTUTANTE: COM LIGEIRAS INTERVENÇÕES DO BANCO CENTRAL

TAXA DE JUROS SELIC
FHC - 27%
LULA - 8,75%

MOBILIDADE SOCIAL
FHC - 2 MILHÕES DE PESSOAS SAÍRAM DA LINHA DE POBREZA
LULA - 23 MILHÕES DE PESSOAS SAÍRAM DA LINHA DE POBREZA

EMPREGOS
FHC - 780 MIL EMPREGOS
LULA - 11 MILHÕES DE EMPREGOS

INVESTIMENTOS EM INFRAESTRURA
FHC - NENHUM
LULA - 504 BILHÕES DE REAIS PREVISTOS ATÉ 2010

POLICIA FEDERAL
FHC - 80 PRISÕES
LULA - Mais de cinco mil prisões

ROMBO NO ESTADO BRASILEIRO
FHC - 30 BILHÕES (ou mais) NAS PRIVATIZAÇÕES
LULA - Nenhum

MERCADO INTERNACIONAL
FHC - SEM CRÉDITO PARA COMPRAR UMA CAIXA DE FÓSFORO
LULA - INVESTIMENT GREAT

ECONOMIA INTERNA
FHC - ESTAGNAÇÃO TOTAL COM DESINFLAÇÃO INERCIAL
LULA - INCLUSÃO DE CONSUMIDORES E SURGIMENTO DE INVESTIDORES

REFORMAS POLITICA, ADMINISTRATIVA, TRIBUTÁRIA
FHC - NENHUMA
LULA - NENHUMA

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O país do futebol


 
 
 
 
Nesta época em que quase nada acontece de realmente importante, a mídia continua necessitando preencher seus espaços. Qualquer coisa serve, até pelada de ex-jogadores de futebol.

Leio que o Time do Zico enfrentou os Amigos do Zico, em pleno Maracanã (!). O jogo terminou em 5x5 e o ex-Galinho de Quintino foi o artilheiro, com três gols, apesar dos seus 56 anos bem vividos.

Não dá pra saber se marcou mesmo esses tentos ou deixaram que os marcasse.

Quando Garrincha, acabado e gordo, atravessava terríveis dificuldades financeiras, armaram uma partida em sua homenagem, para prover-lhe uma graninha. Foi em 1973.

O grande Mané, um dos mais desconcertantes craques que o futebol brasileiro já produziu, dava até pena. Tropeçando nas pernas, foi incapaz de fazer o gol que os zagueiros adversários facilitavam até dar na vista.

Os cariocas, que compareceram em massa para se despedir do ídolo, não viram canto do cisne, só melancólica decadência. Mesmo assim aplaudiram sem parar, como bons brasileiros cordiais.

Mas, voltemos ao Zico.

Embora acompanhasse o futebol desde menino, tive poucas oportunidades de escrever sobre meu esporte favorito no batente diário de jornalista.

Uma vez foi às vésperas do Mundial de 1990. Fiz, para revistas de variedades, uma matéria com veteranos de Copas passadas dando seus testemunhos.

O trabalho foi facilitado pela participação de dois dos entrevistados na Seleção de Masters do Luciano do Valle. Então, numa manhã de domingo, consegui falar com o Zico e o Rivelino, que estavam hospedados com a delegação no hotel Transamérica (SP).

O galinho tomava sol à beira da piscina, com seu filho de uns oito anos. Causou-me ótima impressão.

Depois de tanto entrevistar políticos, artistas, personalidades e celebridades, era uma lufada de ar fresco falar com quem não mostrava empenho em me manipular, respondia com sinceridade, não esticava o papo nem me puxava o saco.

[O mais repulsivo entrevistado com quem me deparei foi o sindicalista Antonio Rogério Magri, ainda antes que se tornasse ministro do Trabalho do Collor. Ele fizera um curso de relações públicas nos EUA e o seguia à risca. Assim que me viu, garantiu ter certeza de já nos havermos cruzado antes. Só que eu também tinha certeza... de que nunca o vira mais gordo!]

Faz muito tempo e eu só me lembro do que o Zico me contou sobre a fatídica derrota na disputa em pênaltis com a França, no Mundial anterior.

Depois de haver desperdiçado uma penalidade máxima durante a partida, ele aceitou a responsabilidade de ser um dos cinco brasileiros que decidiriam a vaga. E não negou fogo. "Tive moral para dar a volta por cima e cumprir o meu papel", comentou.

Mas, indaguei, por que a última cobrança ficou para o zagueiro Júlio César (que chutou na trave) e não para um atacante, especialista no ofício?

O Zico confessou que havia um atacante escalado, mas "pipocou na hora H". Dignamente, não quis dar nome aos bois. [Por exclusão, seria o Careca...]

O PRÍNCIPE E O PLEBEU

Quanto ao que eu conversei dessa vez com o Rivelino, esqueci completamente. Mas, a ele eu já havia entrevistado antes, para a revista Playmen (projeto fracassado de revista masculina chique feita por editora pobre). E este, sim, foi um trabalho inesquecível.

Era lá por 1980 e ele estava em férias no Brasil, depois de duas temporadas no El Helai, da Arábia Saudita. Conversamos longamente no seu posto de gasolina do Brooklin (SP).

Falou muita coisa sobre a vida naquela país exótico:
  • que podia deixar o carrão aberto e com a chave no contato, pois ninguém roubava (se o fizesse, teria as mãos decepadas...);
  • que não podia receber fitas VHS dos filmes escandalosos da época, mas os assistia... com o próprio príncipe, a quem a restrição, claro, não atingia;
  • que era uma vida das mais tediosas e, vez por outra, os jogadores brasileiros armavam uma feijoada para espairecer, com caipirinha e tudo (mas, ai deles se consumissem álcool em público!).
Saí de lá com a impressão de que ele não aguentava mais o sufocante moralismo medieval. Ainda não se decidira a atravessar o Rubicão, mas parecia um condenado pesando os prós e contras de voltar para a prisão, após o Natal com a família.

Dito e feito. Duas semanas depois, recusou-se a cumprir até o fim seu contrato.

O príncipe, altaneiro e rancoroso, não exigiu compensação financeira nem aceitou propostas de clubes brasileiros por seu passe. Decretou apenas que o Rivelino, então com 35 anos, nunca mais jogaria futebol profissionalmente.

Vai daí que só lhe acabaria restando, como tardio prêmio de consolação, a trupe do Luciano do Valle.

A MAIOR LIÇÃO DO DOUTOR

Quanto ao jogador que eu mais gostaria de haver entrevistado, nunca rolou: o Sócrates.

Tão inteligente quanto ele nos gramados, só mesmo o Johan Cruyff holandês. E eu tenho especial admiração pelos maestros que ditam o ritmo e pensam pela equipe inteira.

Além dos três títulos estaduais a que conduziu o Corinthians (em 1983, principalmente, carregou o time nas costas) e da autoria de algumas das jogadas mais belas que vi na vida, deve-se ao Sócrates a incrível iniciativa de unir o grupo para a tomada de decisões que afetavam seus interesses, contrapondo-se à obtusidade dos cartolas. A democracia corinthiana foi uma experiência belíssima.

E, nesse esporte tão distorcido pela ganância extremada que passou a imperar nas últimas décadas, até um Adriano merece ser aclamado por trocar o vil metal pela satisfação de morar no Rio de Janeiro, fevereiro e março, que continua lindo e tem um povo caloroso como nenhum.

Maior ainda foi Sócrates, que se comprometeu publicamente (meninos, eu vi!), diante de um milhão de manifestantes das diretas-já, no Vale do Anhangabaú: "Se a Emenda Dante de Oliveira for aprovada, eu recusarei a proposta da Fiorentina. Ficarei para dar minha contribuição pessoal à redemocratização do Brasil!".

Nem de longe um magnata futebolístico, ele estava disposto a abrir mão de uma grana imensa em nome de suas convicções.

Mas, parlamentares canalhas ficaram insensíveis à vontade do povo.

texto: Celso Lungaretti
postado em Náufrago da Utopia

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Nobel da paz.

O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, recebeu o Nobel da paz enfatizando que a guerra é necessária para se chegar a paz. Citou o exemplo de Hitler que só foi deposto pelas armas. Mas esqueceu de dizer que os comunistas lutaram contra o nazismo desde o início, enquanto os Estados Unidos só entraram na guerra quando seus interesses foram ameaçados. Com este discurso, de que a guerra é necessária para se chegar a paz, ele justifica as ações de Mahmoud Ahmadinejad , que está se armando com fins pacíficos. Isso mostra que os Estados Unidos só respeita a força das armas.
Outra contradição é o premio Nobel ser entregue a um representante de um país que acabou de reconhecer um golpe militar em Honduras, onde as eleições tiram do poder um inimigo estadunidense, pró Hugo Chaves, e colocaram um conservador aliado dos Estados Unidos.
O mesmo presidente que anunciou o envio de mais de 30.000 soldados ao Afeganistão. E que pretende abandonar o Iraque em um momento de aumento da violência no país, mostrando o lado covarde dos estadunidenses. Lembram do Vietnã?
Com base nos critérios utilizados este ano para indicar o Nobel e com base no discurso do eleito, Obama, eu indico para o ano que vem dois candidatos Ahmadinejad, eleito democraticamente e que acredita, como Obama, que com armas poderá manter a paz no seu país. E Hugo Chaves que não precisou de golpe militar para colocar um aliado no poder na Bolívia e quer ajudar Obama a pacificar a América do Sul, colocando mais soldados na fronteira com a Colombia, visto que Obama vai colocar soldados estadunidenses dentro da Colômbia.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Flamengo - Hexa Campeão

Hino Do Clube De Regatas Flamengo

Flamengo

Composição: Lamartine Babo

Uma vez flamengo,
Sempre flamengo.
Flamengo sempre, eu hei de ser.
É meu maior prazer vê-lo brilhar,
Seja na terra, seja no mar.
Vencer, vencer, vencer!
Uma vez flamengo,
Flamengo até, morrer!
Na regata, ele me mata,
Me maltrata, me arrebata.
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado;
Sempre amado;
O mais cotado nos fla-flus é o 'ai, jesus!'
Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo.
Ele vibra, ele é fibra,
Muita libra já pesou.
Flamengo até morrer eu sou!


Para desgosto daqueles que escolheram mal seu time do coração, o Mengão é mais uma vez campeão brasileiro!
Morra de inveja, vascaínos, tricolores e botafoguenses. Sem falar na corja de São Paulo...


Lançamento literário

Revoluções
de Michael Löwy (organizador)


Em um esforço inédito de compilação, Revoluções reúne os principais registros fotográficos dos processos revolucionários do final do século XIX até a segunda metade do século XX. O livro convida o leitor a percorrer a diversificada experiência das lutas populares por meio de imagens raras, como as fotografias da Comuna de Paris, e clássicas, como as de Lenin e Trotski na Rússia. Para Michael Löwy, organizador da obra, “a
s fotos de revoluções revelam ao olhar atento do observador uma qualidade mágica, ou profética, que as torna sempre atuais, sempre subversivas. Elas nos falam ao mesmo tempo do passado e de um futuro possível”.

Além da documentação iconográfica, os acontecimentos históricos são narrados por intelectuais como Gilbert Achcar, Rebecca Houzel, Enzo Traverso, Bernard Oudin, Pierre Rousset, Jeanette Habel e o próprio Löwy. São ensaios ágeis que, a partir de registros fotográficos, retratam a Comuna de Paris, as revoluções Mexicana (1910–1920), Russas (1905 e 1917), Alemã (1918–1919), Húngara (1919), Chinesas (1911 e 1949), Cubana (1953–1967) e a Guerra Civil Espanhola (1936).
A edição brasileira conta com um apêndice exclusivo, no qual Löwy faz uma reflexão sobre os momentos de resistência que marcaram a história do Brasil. O livro possui também um capítulo que passa em revista uma série de eventos transformadores dos últimos trinta anos: o Maio de 1968, a Revolução dos Cravos em Portugal (1974) e a Nicaraguense (1978–1979), a queda do Muro de Berlim (1989) e a sublevação zapatista de Chiapas (1994–1995).
A obra resgata, assim, a trajetória daqueles que viveram movimentos contra hegemônicos e de inspiração igualitária, aliando rostos de anônimos que protagonizaram as lutas de classe a registros de dirigentes eternizados pela história, como Vladimir Lenin, Felix Dzerjinski, Leon Trotski, Béla Kun, Emiliano Zapata, Pancho Villa, Che Guevara e Fidel Castro.
Nas palavras de Luiz Bernardo Pericás, que assina a orelha do livro, “sucesso de público e crítica tão logo foi lançado na França, em 2000, Revoluções teve sua primeira edição esgotada rapidamente. As imagens e os ensaios que compõem este volume tornam-se imprescindíveis para a compreensão de alguns dos episódios mais bonitos e emocionantes da história universal contemporânea”.
 

Textos e autores
A revolução fotografada
Michael Löwy

A Comuna de Paris, 1871
Gilbert Achcar

A Revolução Russa de 1905
Gilbert Achcar

A Revolução Russa de 1917
Rebecca Houzel e Enzo Traverso

A Revolução Húngara, 1919
Michael Löwy

A Revolução Alemã, 1918–1919
Enzo Traverso

A Revolução Mexicana, 1910–1920
Bernard Oudin

As Revoluções Chinesas, 1911 e 1949

Pierre Rousset

A Guerra Espanhola, 1936
Gilbert Achcar

A Revolução Cubana, 1953–1967
Janette Habel

A história não terminou
Michael Löwy

Apêndice à edição brasileira – Revoluções brasileiras?
Michael Löwy



Sobre o organizador
Nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, o sociólogo Michael Löwy vive em Paris desde 1969. É diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais , é autor de A teoria da revolução no jovem Marx (Vozes, 2002), Walter Benjamin: aviso de incêndio (Boitempo, 2005) e Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (Boitempo, 2009), dentre outras publicações.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Editorial II

Por Rusinelson Ribas

Como temos dito, somos três pessoas que escrevem neste blog. Temos opniões divergentes entre nós, como todo grupo de amigos tem. Mas em quase tudo concordamos. A grosso modo, a maioria de nós (2/3) concorda que a grande mídia jornalística é facista e golpista; não sentimos saudade da ditadura e apoiamos as iniciativas de indenizar as famílias dos desaparecidos e torturados pela ditadura militar; apoiamos aqueles que lutaram (mesmo em arma em punho) contra os regimes facistas e sanguinários que imperaram nas décadas de 60, 70, 80... seja aqui, na Argentina ou na civilizada Europa; não concordamos com aqueles que acham os pobres culpados pela violência e criminalidade e para os quais a favela é lugar de bandido que merece morrer; não aceitamos a desculpa esfarrapada das autoridades de segurança que não conseguem acabar com a criminalidade porque a população usuária de droga contribui com o tráfico (bastava discrinalizar as drogas, legalizá-las e tratar a questão da droga como caso de saúde pública e não de justiça); podemos ser contra as cotas raciais (eu, Rusinelson, sou) mas não somos racistas e apoiamos as lutas e conquistas de todas as minorias (ou maiorias...) sejam negros, gays, ecologistas, usuários de drogas, deficientes, etc..; não concordamos que a política seja um campo de corrupção, temos esperança na democracia e na atuação política. O que nosso blog não se propõe e reproduzir as opniões tacanhas dos donos do poder (as vozes dos grandes noticiários) e seus papagaios! Não acreditamos na balela de que deva haver liberdade de expressão quando esta somente reproduz a expressão de quem tem poder (e dinheiro) para expressá-la! Isto é uma democracia, mas tentemos reproduzir aquilo que não é expressado pelos poderosos! Levantemos nossas vozes!
Escrevo este texto em resposta a um dos colaboradores (e idealizadores) deste blog. Ele escreveu um texto no qual expressa sua opnião (o que é válido) sobre Cesari Battisti. Respondi dizendo que não devemos reproduzir aquilo que grande mídia diz, pois Battisti lutou contra um governo facista e autoritário e sua luta era válida. Ele me respondeu, indignado, perguntando: "mas isso não é uma democracia?". Sim, é. Portanto, exorto os meus companheiros a partir de agora assinarem seus textos. Assim a voz terá dono.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Senhor, livrai-nos do Serra, amem!

"A coalizão demotucana já não tinha mais argumentos a contrapor na área econômica. Com Yeda no RS e as cenas protagonizadas por Arruda, em Brasília --ademais das minuciosas anotações de 'pagamentos' da Camargo Correa a expoentes da intimidade serrista em SP, derrete também o discurso do "modo demotucano de governar". Desprovida de projeto e fulminada na aliança política, o que resta à candidatura Serra? A destruição pessoal do adversário. Deflagrar um up-grade na veiculação do ódio elitista que já transborda em insultos fascistóides contra a figura do Presidente da República. Radicalizar o preconceito numa classe média semi-culta e semi-informada que lê Veja. Operar com a mentira pura e simples. A Folha já havia testado o método na falsificação da ficha do DOPS da ministra Dilma Rousseff. A nova investida editorial, dissimulada em ‘artigo’ de César Benjamin, covarde e desprovida dos cuidados jornalísticos na apuração prévia dos fatos, oficializa o padrão do ciclo que se inicia. O fecalismo político substitui a tinta de impressão nas páginas do jornal editado pela família Frias"

(Folha, uma credibilidade em ruína; Carta Maior, 30-11)

O PIG atca sem dó, a baixaria não pode parar

O Jornalismo irresponsável


por Luís Nassif

Watergate tinha dois repórteres espertos – Bob Woodward e Carl Bernstein – e um editor memorável – Ben Bradlee – que filtrava todas as informações e só permitia a publicação daquelas confirmadas por pelo menos três fontes. Até hoje Bradlee é um dos símbolos do bom jornalismo e exemplo para jornalistas de todas as partes do mundo. O caso Watergate foi citado pelo comentarista Ronaldo Bicalho e ressalta a importância da apuração jornalística.

O escândalo divulgado pela Folha na sexta-feira – um artigo de um dissidente do PT, César Benjamin – acusando Lula de ter currado um militante do MEP no período em que esteve preso no DOPS, é um dos mais deploráveis episódios da história da imprensa brasileira. E mostra a falta que fazem pessoas da envergadura de Bradlee.

***

Qualquer acusação, contra qualquer pessoa, exige discernimento, apuração. Quando o jornal publica uma acusação está avalizando-a.

Quando a acusação é gravíssima e atinge o Presidente da República – seja ele Sarney, Itamar, FHC ou Lula – o cuidado deve ser triplicado, porque aí não se trata apenas da pessoa mas da instituição. Qualquer acusação grave contra um Presidente repercute internacionalmente, afeta a imagem do país como um todo. Se for verdadeira, pau na máquina. Se for falsa, não há o que conserte os estragos produzidos pela falsificação.

***

A acusação é inverossímil.

Na sexta conversei com o delegado Armando Panichi Filho, um dos dois incumbidos de vigiar Lula na cadeia. Ele foi taxativo: não só não aconteceu como seria impossível que tivesse acontecido.

Lula estava na cela com duas ou três presos. A cela ficava em um corredor, com as demais celas. O que acontecesse em uma era facilmente percebida nas outras.

Havia plantão de carcereiros 24 horas por dia. E jornalistas acompanhando diariamente a prisão.

Não havia condições de nenhum fato estranho ter passado despercebido. Panichi jamais ouviu algo dos carcereiros, dos presos, dos jornalistas e do delegado Romeu Tuma, seu chefe.

***

Benjamin não diz que Lula cometeu o ato. Diz que ouviu o relato de Lula em 1994, em um encontro que manteve em Brasília com um marqueteiro americano, contratado pela campanha, mais o publicitário Paulo de Tarso Santos e outras testemunhas.

Conversei com Paulo de Tarso – que já fez campanha para FHC, Lula – que lembra do episódio do americano mas nega que qualquer assunto semelhante tivesse sido ventilado, mesmo a título de piada. E nem se recorda da presença de Benjamin no almoço.

***

E aí se chega à questão central: com tais dados, jamais Ben Bradlee teria permitido que semelhante acusação saísse no Washington Post.

Antes disso, colocaria repórteres para ouvir as tais testemunhas, checaria as informações com outras fontes, conversaria com testemunhas da prisão de Lula na época. Praticaria, enfim, o exercício do jornalismo com responsabilidade.

A Folha não seguiu cuidados comezinhos de bom jornalismo. Não apenas ela perde com o episódio, mas o jornalismo como um todo.

É importante que leitores entendam: isso não é jornalismo. É uma modalidade especial de deturpação da notícia que os verdadeiros jornalistas não endossam.
Nota do Viomundo: Este site insiste. Irresponsável é pouco. Irresponsável pode ser por descuido. Mas não foi. Houve protestos internos na Folha contra a publicação do artigo de César Benjamin. Qualquer estagiário sabe que uma grande empresa jornalística não publica acusações antes de ter certeza do que está fazendo, especialmente por causa de ações na Justiça. A Folha sabia o que estava fazendo. A Folha planejou a publicação. Quanto ao argumento do ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva de que não analisa artigos opinativos, como se coubesse qualquer coisa neles, a pergunta que se deve fazer é: e se um articulista da Folha escrevesse que o dono do jornal cheira cocaína, por exemplo, um óbvio absurdo? Sairia primeiro e seria apurado e desmentido depois?

Fonte: Vi o Mundo

Enquanto isso, no DEM...

Enquanto Arruda e sua corja roubam descaradamente em Brasília, a imprensa golpista tenta desviar a atenção para uma falsa notícia envolvendo o presidente Lula em um crime sexual. Sem provas, eles baseiam a acusação no depoimento de um "menino" (a vítima) sem apurar nada.
É incrível! Isso só mostra o que vem por aí na campanha do ano que vem. Baixaria não vai faltar!

Intrigueiros sem vergonha!

O folheiro, Benjamin, Dreyfus e a Cadeia

por Mauro Carrara


Muita gente inocente dormiu na cadeia. Uma dela foi o capitão Alfred Dreyfus.

Em 1894, o jovem oficial da artilharia francesa foi condenado à prisão perpétua. O motivo: a suposta revelação de segredos militares aos alemães.

Dreyfus era inocente. Dois anos depois, comprovou-se que o culpado era Ferdinand Esterhazy, um major do exército francês.

Mas Dreyfus continuou detido. Foi acusado novamente, com base em falsos documentos produzidos por um oficial da contra-inteligência, Hubert-Joseph Henry.

A campanha de calúnia tinha como um de seus principais líderes um jornalista, Edouard Drumont, publisher do La Libre Parole, uma publicação claramente identificada com o anti-semitismo.

Dreyfus contou, sobretudo, com a defesa apaixonada de Émile Zola, cujo artigo "J'accuse", no L'Aurore, foi fundamental para colocar às claras a farsa oficial reacionária.

Em 1906, depois de longa luta, Dreyfus foi reabilitado. Jamais foi indenizado pelos anos na cadeia.

Muitos criminosos, entretanto, jamais passaram perto do cárcere.

É o caso, por exemplo, do proprietário de jornal que, em São Paulo, colaborava com os torturadores e assassinos empregados pelo Regime Militar.

Esse elemento nunca dormiu num banco de concreto atrás das grades, nunca comeu feijão estragado, tampouco tomou sofreu em sessões de eletrochoque.

Impune, pôde educar seu herdeiro para a iniquidade.

Criou um lagarto de rasteiro caráter, invejoso e fraco, capaz de valer-se da calúnia e da difamação para atingir seus objetivos.

Esse dublê de jornalista, falso intelectual, despreza a lei e escarra nos mais básicos códigos de civilidade.

A acusação a Lula no episódio "estupro" agrega mais uma nódoa à ficha do empresário canalha da desinformação. O interesse? Derrubar a candidatura daquela que rotularam de terrorista.

A imprensa paulistana poderia citar oito verdades, ou não, por elegância:

- que o tal Benjamin não merece a confiança dos próprios parentes, tido como vil, traiçoeiro e dado a mentir por capricho;

- que o próprio publisher golpista assediava jovens rapagões no ambiente profissional;

- que a companheira ocasional do tal o ridicularizava entre as mesas da redação, apontando nele a psicopatia violenta e a ausência da virilidade;

- que a malta reacionária de "Óia" pratica todo tipo de perversão, a exemplo do capo que se diverte excentricamente nos hotéis engordurados do Centro paulista, e que carrega o trauma de um largo pepino resistente;

- que o augustíssimo articulista de "Óia", tão interessado no elogio a Benjamin, imita a Arno e aspira o pó nos banheiros das redações que dirige;

- que o major tucano carateca do golpe é o mesmo que aprecia "carnes novas" e livrou seu comparsa amazonense da CPI da Exploração do Menor;

- que um ex-presidente da República esconde seus rebentos por aí, em esquemas pagos pelos barões da mídia monopolista;

- que o tal repórter do niuiorquitaimes brincava lascivamente com jovens índias na Amazônia.

O fim de novembro poderia brindar o país com celas frias para quem realmente merece.

Uma sombria para o Edouard Drumont da Barão de Limeira, por exemplo.

Outra imperial ao canalha ressentido e desqualificado. Pois se dá a Cesar o que é de Cesar.

Mas o que esperar da suprema justiça? Lá no alto, pois, vale mais o mimo dantesco.

E o honesto Dreyfus, aqui, continuaria detido pelo resto da vida.



Publicado em: Boca no Trombone 2

Fonte: Vi o Mundo